Veja aqui a análise tática da Final da Champions League. Juventus 1 x 3 Barcelona.
O problema técnico é evidente. O Cruzeiro tem jogadores
piores que em 2013 e 2014. A baixa qualidade técnica prejudica qualquer esquema
tático montado pelo técnico porque, por mais que o time esteja bem posicionado,
os jogadores não conseguem criar chances e nem fazer os gols. Não é o caso do
Cruzeiro, que está mal tecnicamente e taticamente.
Marquinhos, autor do gol no Monumental de Nuñez, é muito
rápido e voluntarioso, mas tecnicamente é uma tragédia. É um corredor que vai à
frente e volta para marcar. Seria um ótimo complemento se houvesse, a seu lado,
jogadores mais técnicos, que saibam tocar a bola e que decidam. Não é o caso
também. Leandro Damião é um caso parecido com o de Marquinhos. Volta para
marcar, tem presença de área, mas também não é técnico.
De Arrascaeta, por outro lado, é técnico, mas faltam vontade
e visão de jogo. Com ele em campo, até o esquema 4-2-3-1 do Cruzeiro muda para
o 4-4-1-1. Acredito que contra a vontade do técnico Marcelo Oliveira.
Arrascaeta afunda demais no ataque e fica à mercê da marcação de zagueiros e
volantes. Não é armador e nem é atacante, é um meia-atacante.
4-2-3-1 do Cruzeiro contra o River Plate no Mineirão, com Arrascaeta muito enfiado |
Então, que arma o jogo do Cruzeiro? A resposta é: os
volantes e os laterais. Quer dizer, sobra para eles, porque não são armadores.
Henrique é o mais habilitado para isso. Não por um acaso, o técnico do River
Plate, Marcelo Gallardo, mudou o 4-3-3 do primeiro jogo para o 4-3-1-2 e
colocou Pônzio para marcar Henrique em todo o campo. Mayke, lateral técnico e
rápido, foi marcado por Rojas. Sobraram o lateral esquerdo Mena e o volante
Willians. Nenhum dos dois têm qualidade para fazer a saída de bola e armar o
time.
Cruzeiro, de azul, e River, de vermelho: time argentino deixou Mena e Willians livres para criar e avançar |
De novo, Marcelo Gallardo deu uma aula. Deixou Sánchez
marcando só zona. Reparem quantas vezes Mena apareceu sozinho, carregando a
bola ao ataque. Inúmeras vezes. O River deixou o lateral Mena e o volante de
marcação Willians livres para apertar e concentrar a marcação nos jogadores que
realmente poderiam fazer alguma coisa no Cruzeiro. E eles não fizeram nada,
porque são jogadores comuns.
A saída do Cruzeiro, portanto, seria tática. E aí temos
outro problema. O técnico Marcelo Oliveira acostumou-se a impor o jogo do
Cruzeiro no 4-2-3-1, sem variar. A única variação que Marcelo Oliveira promoveu
no Cruzeiro durante esses dois anos foi colocar um terceiro volante e armar o
time no 4-3-2-1, mantendo os dois jogadores abertos pelos lados no meio campo.
Nunca funcionou bem.
Esquema tático do Cruzeiro contra o River Plate na Argentina: um 4-2-3-1 que se transformou num 4-4-1-1 |
Em 2015, o Cruzeiro perdeu qualidade técnica e, desde então,
não consegue mais se impor nas partidas. O time funcionava bem jogando no campo
de ataque, com grande acerto nos passes. Por isso, quando tentava jogar
recuado, como no esquema com três volantes, o time ia mal. A solução talvez
fosse mudar a disposição tática do time em campo, adaptar-se ao jogo do
adversário e trocar os medalhões que não estão funcionando. Até agora, Marcelo
Oliveira não fez nada disso.
O River colocou seus atacantes no mano a mano contra os
zagueiros do Cruzeiro e Willians, mesmo sem função na faixa central, não foi
recuado e Mena, aberto pela esquerda, não fechou para auxiliar os defensores. O
meia-atacante Willian e De Arrascaeta não voltavam para começar as jogadas.
Ficaram enfiados entre os defensores do River.
O 4-3-1-2 do River que surpreendeu o Cruzeiro em Belo Horizonte: atacantes no mano a mano com os zagueiros |
É bom ressaltar que, além dos problemas do Cruzeiro, houve a
competência do River e de seu técnico em entender o que aconteceu na partida de
ida, quando seus atacantes ficaram encaixados na marcação da defesa do
Cruzeiro. Precisando ganhar, Gallardo tirou um atacante (Martínez) e colocou um
meia. Enfiar inúmeros atacantes entre defensores adversários não é a melhor
maneira de se criar chances de gol.
4-3-3 do River, no jogo de ida no Monumental de Nuñez, não funcionou |
Apesar de tudo, demitir o técnico Marcelo Oliveira não é a
melhor opção. Primeiro porque o principal problema do Cruzeiro é técnico. A
solução, nesse caso, seria contratar jogadores melhores. Entretanto, o time tem
problemas táticos e estratégicos claros que têm que ser resolvidos pelo
técnico. Variar escalação e disposição tática de acordo com o contexto da
partida (necessidade de vitória ou empate, jogo em casa ou fora, adversário
retrancado etc) são medidas básicas com ou sem novas contratações. Sem isso, o
Cruzeiro vai se arrastar durante todo o ano de 2015.
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É um raio x tão perfeito da situação do cruzeiro
Não conhecia o Marcelo Costa!
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