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Cruzeiro tem problemas técnicos e táticos

A vitória do River Plate contra o Cruzeiro no Mineirão escancarou problemas que o time brasileiro vem enfrentando desde o início de 2015. Esses problemas são técnicos e também táticos.

Veja aqui a análise tática da Final da Champions League. Juventus 1 x 3 Barcelona.



O problema técnico é evidente. O Cruzeiro tem jogadores piores que em 2013 e 2014. A baixa qualidade técnica prejudica qualquer esquema tático montado pelo técnico porque, por mais que o time esteja bem posicionado, os jogadores não conseguem criar chances e nem fazer os gols. Não é o caso do Cruzeiro, que está mal tecnicamente e taticamente.

Marquinhos, autor do gol no Monumental de Nuñez, é muito rápido e voluntarioso, mas tecnicamente é uma tragédia. É um corredor que vai à frente e volta para marcar. Seria um ótimo complemento se houvesse, a seu lado, jogadores mais técnicos, que saibam tocar a bola e que decidam. Não é o caso também. Leandro Damião é um caso parecido com o de Marquinhos. Volta para marcar, tem presença de área, mas também não é técnico.

De Arrascaeta, por outro lado, é técnico, mas faltam vontade e visão de jogo. Com ele em campo, até o esquema 4-2-3-1 do Cruzeiro muda para o 4-4-1-1. Acredito que contra a vontade do técnico Marcelo Oliveira. Arrascaeta afunda demais no ataque e fica à mercê da marcação de zagueiros e volantes. Não é armador e nem é atacante, é um meia-atacante.

4-2-3-1 do Cruzeiro contra o River Plate no Mineirão, com Arrascaeta muito enfiado


Então, que arma o jogo do Cruzeiro? A resposta é: os volantes e os laterais. Quer dizer, sobra para eles, porque não são armadores. Henrique é o mais habilitado para isso. Não por um acaso, o técnico do River Plate, Marcelo Gallardo, mudou o 4-3-3 do primeiro jogo para o 4-3-1-2 e colocou Pônzio para marcar Henrique em todo o campo. Mayke, lateral técnico e rápido, foi marcado por Rojas. Sobraram o lateral esquerdo Mena e o volante Willians. Nenhum dos dois têm qualidade para fazer a saída de bola e armar o time.


Cruzeiro, de azul, e River, de vermelho: time argentino deixou Mena e Willians livres para criar e avançar


De novo, Marcelo Gallardo deu uma aula. Deixou Sánchez marcando só zona. Reparem quantas vezes Mena apareceu sozinho, carregando a bola ao ataque. Inúmeras vezes. O River deixou o lateral Mena e o volante de marcação Willians livres para apertar e concentrar a marcação nos jogadores que realmente poderiam fazer alguma coisa no Cruzeiro. E eles não fizeram nada, porque são jogadores comuns.

A saída do Cruzeiro, portanto, seria tática. E aí temos outro problema. O técnico Marcelo Oliveira acostumou-se a impor o jogo do Cruzeiro no 4-2-3-1, sem variar. A única variação que Marcelo Oliveira promoveu no Cruzeiro durante esses dois anos foi colocar um terceiro volante e armar o time no 4-3-2-1, mantendo os dois jogadores abertos pelos lados no meio campo. Nunca funcionou bem.


Esquema tático do Cruzeiro contra o River Plate na Argentina: um 4-2-3-1 que se transformou num 4-4-1-1


Em 2015, o Cruzeiro perdeu qualidade técnica e, desde então, não consegue mais se impor nas partidas. O time funcionava bem jogando no campo de ataque, com grande acerto nos passes. Por isso, quando tentava jogar recuado, como no esquema com três volantes, o time ia mal. A solução talvez fosse mudar a disposição tática do time em campo, adaptar-se ao jogo do adversário e trocar os medalhões que não estão funcionando. Até agora, Marcelo Oliveira não fez nada disso.

O River colocou seus atacantes no mano a mano contra os zagueiros do Cruzeiro e Willians, mesmo sem função na faixa central, não foi recuado e Mena, aberto pela esquerda, não fechou para auxiliar os defensores. O meia-atacante Willian e De Arrascaeta não voltavam para começar as jogadas. Ficaram enfiados entre os defensores do River.

O 4-3-1-2 do River que surpreendeu o Cruzeiro em Belo Horizonte: atacantes no mano a mano com os zagueiros

É bom ressaltar que, além dos problemas do Cruzeiro, houve a competência do River e de seu técnico em entender o que aconteceu na partida de ida, quando seus atacantes ficaram encaixados na marcação da defesa do Cruzeiro. Precisando ganhar, Gallardo tirou um atacante (Martínez) e colocou um meia. Enfiar inúmeros atacantes entre defensores adversários não é a melhor maneira de se criar chances de gol.

4-3-3 do River, no jogo de ida no Monumental de Nuñez, não funcionou


Apesar de tudo, demitir o técnico Marcelo Oliveira não é a melhor opção. Primeiro porque o principal problema do Cruzeiro é técnico. A solução, nesse caso, seria contratar jogadores melhores. Entretanto, o time tem problemas táticos e estratégicos claros que têm que ser resolvidos pelo técnico. Variar escalação e disposição tática de acordo com o contexto da partida (necessidade de vitória ou empate, jogo em casa ou fora, adversário retrancado etc) são medidas básicas com ou sem novas contratações. Sem isso, o Cruzeiro vai se arrastar durante todo o ano de 2015.


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2 Comentários
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Janete disse…
Sinceramente tinha muito tempo que não lia uma matéria tão bem escrita
É um raio x tão perfeito da situação do cruzeiro
Não conhecia o Marcelo Costa!
Fiquei fan
Obrigado, Janete. Volte sempre. Também estamos no Twitter (@esquemastaticos) e no Facebook (facebook.com/esquemastaticos).