O Internacional é o time mais moderno do Brasil, o que não quer dizer que seja o melhor
O Internacional é a equipe mais moderna do Brasil porque
adapta seu plano de jogo de acordo com o adversário, o objetivo (empate ou
vitória) e o contexto (jogo fora ou dentro de casa). Quando precisa atacar, o
time de Diego Aguirre vai no 4-2-3-1 ou no 4-1-4-1. Quando precisa se defender,
joga no 4-3-2-1 ou arma uma retranca no 3-6-1 ou com cinco defensores no 5-4-1. Muitas
vezes, dentro de uma mesma partida, de acordo com o objetivo buscado.
Além disso, o Internacional tem um dos melhores elencos do
Brasil. Caso o desmanche do Corinthians se confirme, terá o melhor.
Diego Aguirre desenha seu time no 4-2-3-1, 4-1-4-1, 4-3-2-1 e até nos retrancados 3-6-1 e 5-4-1, dependendo do contexto do jogo
Na primeira partida da Libertadores contra o Strongest (Bolívia), em
17 de fevereiro de 2015, Aguirre começou a testar um misto de 4-1-4-1 com
4-3-2-1. Este primeiro modelo não deu muito certo pelas peças utilizadas,
posicionamento errado dos jogadores e, também, pela altitude de La Paz. Os
jogadores do Inter demonstraram, claramente, que foram afetados pela altitude.
O 4-3-2-1 utilizado contra o Strongest |
Neste esquema, Aguirre pensou um time com dois jogadores
abertos para puxar o contra-ataque juntamente com Nilmar como centroavante. Nilton
era o único volante de marcação no miolo, ladeado com os volantes-meias
Anderson e Aránguiz. A ideia era boa: um volante-meia de armação (Anderson) e
outro que carrega a bola (Aránguiz). O problema é que Anderson estava
claramente fora de forma, quase não tocou na bola e saiu ainda no primeiro
tempo direto para o balão de oxigênio. Os meias-atacantes abertos Sasha (mais
corredor e homem de ataque) e D’Alessandro (mais armador) não funcionaram
também. Principalmente D’Alessandro, que tinha que seguir o lateral adversário
(na altitude de La Paz) e não tem físico pra isso. Ainda no primeiro tempo, foi
deslocado para a faixa central.
O Inter no 4-2-3-1 contra o Universidad de Chile |
Em 23 de fevereiro, contra o Universidad de Chile (CHI), no Beira-Rio, o esquema tático foi o 4-2-3-1, com Sasha como centroavante, Jorge
Henrique como meia-atacante pela esquerda e Vitinho como meia-atacante pela
direita. D’Alessandro jogou centralizado. Funcionou melhor e o Inter ganhou de 3
a 1 no Beira-Rio. Mas o time ainda tinha muitos problemas.
O 5-4-1 ou 3-6-1 utilizado contra o Emelec |
Contra o Emelec, no Equador, Aguirre testou um esquema com três
zagueiros. O 3-6-1 (ou 5-4-1) de Aguirre tinha um problema de criação. Com dois
volantes de marcação (Nilton e Nico Freitas) e um volante-meia (Aránguiz) pela
esquerda e um armador (Alex) pela direita, o time arrancou um empate em 1 a 1.
Em casa, no jogo de volta contra o Strongest, novamente o
4-2-3-1 com um volante de marcação (Rodrigo Dourado) e um volante-meia
(Aránguiz). Valdívia foi posicionado pela direita na linha de três. D’Alessandro
pelo centro, Sasha pela esquerda e Nilmar na frente. Estava esboçado o time que
seria, no futuro, o “titular” de Aguirre. O titular vai entre aspas porque,
moderno, o Inter varia escalação e esquematização tática dependendo do objetivo
buscado (empate ou vitória), do adversário e do contexto (jogo dentro ou fora
de casa).
O 4-3-2-1 usado contra o Grêmio, no Campeonato Gaúcho, na Arena do Grêmio |
No primeiro clássico contra o Grêmio (Brasil) pelo Campeonato Gaúcho, fora de casa, o Inter foi
no 4-3-2-1 que, como vimos anteriormente, é o esquema pensado por Aguirre para
os jogos fora de casa. Foi 0 a 0.
Contra o Atlético Mineiro, no Independência, o 4-3-2-1 |
O mesmo esquema foi utilizado contra o Atlético Mineiro (Brasil) no
jogo de ida das oitavas de final da Libertadores. E este é o momento em que o
esquema funcionou bem. Dos jogos do Internacional acompanhados pelo Esquemas
Táticos, foi o que o time se saiu melhor. Destaque para a escalação surpreendente
(D’Alessandro e Valdívia começaram no banco) e para a confusão gerada no
Atlético com a entrada dos dois no segundo tempo. O time fez um jogo seguro, de
poucos riscos, jogando no erro do adversário. E foi extremamente eficiente ao
conseguir os dois gols e o empate contra o Atlético.
No jogo de volta, no Beira-Rio, o time foi surpreendido pelo
Atlético Mineiro. Foi pressionado e, novamente, muito eficiente em se defender,
sair para os contra-ataques e fazer três gols nas poucas oportunidades que
criou. Tirando o momento entre o primeiro gol do Atlético (2 a 1) e o terceiro
do Inter, quando o time ficou um pouco perdido em campo, a equipe controlou bem
a partida embora a tenha dominado e sofrido uma grande pressão.
O 4-2-3-1 contra o Santa Fe fora de casa, no El Campin, em Bogotá |
No jogo contra o Santa Fe (Colômbia), que atuou no 4-3-1-2, Aguirre
inovou fora de casa. No lugar do 4-3-2-1 utilizado nos jogos fora do Beira-Rio,
o técnico colocou o Internacional no 4-2-3-1. Não funcionou bem. O três
volantes do Santa Fe são, todos eles, armadores. Além disso, o time conta com
um meia-atacante (Omar Pérez) que também executa a função. Só Valdívia
conseguia cumprir as funções de atacar e defender a contento. Com Sasha
claramente esgotado após o primeiro tempo, o time não tinha o contra-ataque, já
que Lisandro López é lento e só Valdívia ia e voltava. O time foi pressionado e
aguentou bem até o final, quando levou o gol nos acréscimos.
A conclusão é que o Internacional é um dos times mais
interessantes de se observar, porque apresenta variações táticas e de
escalação. Também é um time recheado de bons jogadores, com um dos melhores
elencos do país na atualidade (se o desmanche do Corinthians se confirmar,
será). Entretanto, isso tudo não quer dizer que o Inter é o melhor time do
Brasil. Jogou pior que o Atlético Mineiro nas duas partidas das oitavas da
Libertadores, assim como na maioria dos jogos fora de casa contra adversários
na Libertadores. Seus trunfos são a qualidade técnica dos jogadores, que dá uma
incrível eficiência à equipe, e as variações táticas de acordo com o contexto
da partida, que faz com que a equipe controle as partidas e consiga os
resultados mesmo quando joga mal.
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