O Real Madrid venceu o Manchester City por 3 a 2, no Santiago Bernabéu, em Madri, na primeira partida da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. O esquema tático do Real Madrid foi o 4-3-3. O esquema tático do Manchester City foi o 4-2-3-1.
Num jogo em que o Real Madrid dominou a maior parte do tempo, foi o Manchester City o responsável por colocar fogo na partida. Atuando no 4-2-3-1 durante todo o primeiro tempo e início do segundo, o técnico Roberto Mancini resolveu dar mais poder ofensivo ao, até então, massacrado Manchester City. Tirou David Silva, desperdiçado na direita tentando marcar o lateral Marcelo, e promoveu a entrada do centroavante Dzeko. Praticamente na primeira bola que ele tocou, saiu o gol do Manchester City. Mas vamos contar a história tática da partida antes.
O Real Madrid, pressionado pelos maus resultados em casa, foi a campo num 4-3-3 ousado. Com problemas de relacionamento com alguns jogadores, o técnico José Mourinho escalou o jovem Varane no lugar de Sérgio Ramos e ao lado de Pepe. As laterais ficaram com Arbeloa (direita) e Marcelo (esquerda).
No meio campo é que veio a maior inovação: Xabi Alonso como volante-armador recuado, jogando atrás de Essien (esquerda) e Khedira (direita). Pelo desenho tático do meio campo e pelas peças escolhidas, logo se percebeu que Mourinho queria pressionar o adversário em seu campo e jogar no ataque.
Deu certo. Com Cristiano Ronaldo pela direita, Di María pela esquerda e Higuaín como centroavante, o Real Madrid pressionou a saída de bola adversária, fez diversos desarmes no campo do City e sempre esteve rondando o gol do time inglês. Aliás, não apenas rondando, mas criando jogadas efetivas, de perigo de gol. Principalmente no primeiro tempo e início do segundo. Mas não fez o gol...
O Manchester City foi massacrado no primeiro tempo. Praticamente não chutou a gol e jogou muito recuado. O técnico Roberto Mancini colocou o time no 4-2-3-1. Como já cansamos de discutir por aqui, esquema tático não é garantia de time ofensivo nem defensivo. O que vale é a postura do time em campo e a estratégia montada. Pois o City jogou muito recuado e não tinha estratégia nenhuma envolvida nessa retranca. O time não armou nenhum contra-ataque no primeiro tempo. Apanhou calado, digamos assim.
A defesa teve Maicon na lateral direita, Kompany e Nastasic como zagueiros e Clichy na lateral esquerda. Clichy ficou preso no campo defensivo, assim como Maicon. Mancini não soube criar um sistema que protegesse as subidas do lateral-direito para que ele pudesse, ao menos, assustar o setor esquerdo do Real, o mais forte do time espanhol. Maicon teve que marcar um excelente Cristiano Ronaldo no primeiro tempo e, mesmo com o português caindo de rendimento na segunda etapa, não avançou.
No meio campo, Javi Garcia e Barry foram os volantes de contenção e nada acrescentaram à marcação do City. Não conseguiam barrar os volantes/meias do Real Madrid, Essien e Khedira, e não cobriam os laterais. Os meias da linha de três – David Silva (direita), Yayá Tourè (centro) e Kolarov (esquerda. Entrou no lugar de Nasri, que se machucou ainda no primeiro tempo) – pouco acrescentaram aos sistemas ofensivo e defensivo do time. Silva, um meia-atacante rápido e habilidoso, ficou preso na direita para marcar Marcelo. Kolarov, um jogador de força que gosta de ir à linha de fundo, não conseguiu superar Arbeloa, que mais marcou que avançou. Yayá Tourè, atuando como meia com liberdade para ir à frente, não surpreende tanto quanto poderia sendo um segundo-volante mais recuado que arranca em velocidade ao ataque.
Só quando Mancini resolveu mudar a estratégia do time (ou criar uma, já que o time estava perdido) o jogo mudou. Mancini sacou Silva, colocou o centroavante Dzeko, recuou Tevez para atuar como segundo-atacante e deslocou Yayá Tourè para lugar de Silva no meio campo pela direita. O City passou a atuar no 4-4-2 com os atacantes jogando alinhas verticalmente (1-1).
O time ganhou força ofensiva, fez 1 a 0 num contra-ataque, e passou a disputar o jogo, até então dominado pelo Real Madrid. O time espanhol ameaçou um desespero, se desorganizou e seus jogadores entraram numa correria que quase deu o segundo gol ao Manchester City. O gol do Real Madrid saiu na hora exata para serenar os jogadores e, mesmo levando o segundo gol do City, o time soube reagir, empatar e virar o jogo com Cristiano Ronaldo, que estava apagado na segunda etapa apesar do ótimo primeiro tempo.
Vitória merecida do Real Madrid, que jogou melhor, mas precisa aprender a manter a calma em momentos capitais do jogo. O Manchester City, principalmente Mancini, precisa perceber que tem um grande elenco à disposição e que pode jogar de igual para igual com qualquer grande clube europeu. Basta acreditar e escolher as peças, a estratégia e o esquema tático correto para cada jogo.
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Real Madrid sai perdendo e vira contra o Manchester City na abertura da Champions League
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