Esquemas Táticos Estatísticas traz hoje a análise dos gols da primeira rodada da fase de grupos da Copa América. Como já explicamos em posts anteriores e no Twitter @esquemastaticos, Esquemas Táticos Estatísticas é uma seção nova do blog em que analisamos, qualitativa e quantitativamente, todos os gols de uma competição.
Foram apenas oito gols, mas já demonstram algo que dizíamos aqui quando analisamos os gols do Campeonato Brasileiro: os gols feitos em contra-ataque estão em baixa. E o que quer dizer isso? Quer dizer que os técnicos estão mais atentos na armação de suas equipes para evitar os gols feitos na transição.
Este fato é significativo porque, antes da Copa do Mundo 2010, um levantamento feito por Jairo dos Santos e Thiago Larghi, então espiões da seleção brasileira, mostrava que os gols da Copa 2006, Copa América 2007 e Eurocopa 2008 tinham o seguinte perfil: 46% resultam de bolas paradas (inclusive cobranças de lateral), 65% são oriundos de bolas conquistadas em seu campo defensivo, 50% são marcados após uma sequência de apenas quatro passes e 80% de seis passes ou menos.
São números que se interpenetram, por isso a somatória dá mais de 100%. Assim, as bolas podem ser conquistadas no campo defensivo e lançadas ao ataque, entre os 80% dos gols feitos com seis passes ou menos estão incluídos os 50% marcados com apenas quatro passes etc.
Os gols marcados com seis passes ou menos (80%) ou apenas quatro passes (50%) demonstram situações quase certas de contra-ataques. A relação desses números com os contra-ataques fica mais clara quando o relatório de Jairo dos Santos e Thiago Larghi afirma que a duração dos ataques que resultaram em gols durou no máximo 20 segundos em 74% das vezes na Copa do Mundo 2006, 82% na Copa América 2007 e 80% na Eurocopa 2008. O contra-ataque seria, portanto, condição sine quae non para a maioria dos gols nessas competições, certo? Errado.
Um outro dado do próprio relatório mostra que 52% dos gols da Copa 2006 foram marcados a partir de bolas paradas e 48%, portanto, em jogadas com a bola rolando. Isso significa que, com a bola rolando, valem os números anteriormente mostrados sobre a prevalência dos contra-ataques. Ou seja, a maioria dos gols com a bola rolando são de contra-ataque.
A sequência histórica das competições traz um outro dado importante. Há uma decadência no número de gols feitos de bola parada. Na Copa América 2007, o número de gols feitos a partir de bolas paradas caiu para 43% e, na Eurocopa 2008, teve nova queda, chegando a 39%. De todos os tipos de gols de bola parada (cobranças de lateral, faltas, pênaltis etc.), o que mais termina em gol são os escanteios. E mesmo os gols a partir de escanteios rarearam: foram 20% na Copa 2006, 20% na Copa América e 12% na Eurocopa 2008.
São números interessantes e que demonstram que, ao menos em dois pontos, o técnico da seleção brasileira de então, o ex-volante Dunga, tinha razão: o Brasil jogava principalmente no contra-golpe, era estrategicamente bem postado no campo defensivo e tinha jogadores altos (lembrem da insistência de Dunga em escalar Gilberto Silva e Felipe Melo, volante altos e bons no jogo aéreo) para evitar os gols oriundos de faltas indiretas e escanteios. Curiosamente, entretanto, a seleção brasileira foi eliminada exatamente a partir de gols originados de bolas paradas da Holanda...
O que podemos observar é que, na Copa América 2011, mais da metade dos gols é feita com a bola rolando em ataques (50%) e contra-ataques (12,5%). Lembrando que a base de dados refere-se apenas à primeira rodada e, portanto, o universo analítico (8 gols apenas) é restrito. Mas mesmo com este universo restrito, a quantidade de gols feitos a partir de escanteios (3, ou seja, 37,5%) é alta. Esquemas Táticos Estatísticas vai acompanhar o andamento da competição e analisar a evolução dos números.
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ESTATISTICAS. Como são feitos os gols da Copa América 2011
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