Brasil
O Brasil sub-20 jogou no 4-2-3-1, mesmo esquema da seleção principal. Decisão acertada de Ney Franco e Mano Menezes. Os jogadores do sub-20 podem se acostumar com o sistema utilizado na seleção adulta. É sempre bom lembrar que não existe esquema tático bom ou ruim, existe esquema adequado ao jogo e aos jogadores disponíveis. No caso da seleção sub-20, caiu como uma luva. Com tantos jogadores talentosos do meio pra frente, tem-se que utilizá-los.
Sobre o jogo. O Brasil atacou muito com Neymar e ele correspondeu. Foi o melhor jogador da partida. Até porque Lucas e Oscar não estavam em uma noite feliz. Prenderam muito a bola e a perderam muitas vezes. Também não estavam bem nos passes. O centroavante Henrique fez bem o papel de pivô, deu opções e abriu espaços para quem vinha de trás. E Casemiro veio e se destacou.
A linha de quatro no meio-campo do Paraguai facilitou o trabalho de Casemiro que jogou desmarcado em todo o primeiro tempo. A linha paraguaia, assim como todos os times que a usam no meio-campo, dá espaço na faixa vertical central do campo de jogo. Simplesmente a mais importante do futebol. Para evitar esse buraco, os volantes devem se adiantar e efetivamente jogar em linha com os meias pelos lados. Não foi o que aconteceu (veja mais sobre isso na análise do Paraguai).
Zé Eduardo também fez um grande primeiro tempo, marcando bem as subidas de Benítez e auxiliando Alex Sandro na marcação de Cáceres, lateral-direito do Paraguai. Mas comprometeu sua atuação geral ao ser expulso tolamente ainda no início do segundo tempo. Ney Franco então sacou Oscar e colocou o volante Fernando, que também foi muito bem. Entretanto, o lado direito do Brasil ficou aberto, dando espaço para as subidas de Oscar Ruiz, que entrou no lugar do lateral-esquerdo paraguaio Nelson Ruiz.
Para reforçar o setor defensivo, Ney Franco mexeu novamente, colocando Galhardo, mais marcador, no lugar do lateral-direito Danilo. Casemiro também teve que parar de apoiar. Resolveu. O alerta fica para o fato de o Brasil ter dois jogadores e o técnico expulsos no momento que o jogo estava administrável.
Paraguai
O Paraguai atuou no 4-4-2 com uma linha de quatro no meio-campo. A seleção paraguai começou o jogo com (da direita para esquerda) Benítez, Gimenez, Perez e Torres no meio. Gimenez jogou mais recuado, auxiliando o lateral/ala Raúl Cáceres na marcação de Neymar. Ainda no início do primeiro tempo, o técnico Adrian Coria liberou Cáceres para explorar as costas de Neymar. Não deu certo por dois motivos. Em primeiro lugar porque esse era o lado mais forte do Brasil e, em segundo lugar, tanto Cáceres quanto Benítez, o meio daquele setor, não foram bem no jogo.
No segundo tempo, o Paraguai passou a atacar mais pelo lado esquerdo quando o técnico tirou o lateral-esquerdo defensivo Nelson Ruiz e colocou Oscar Ruiz, que atuou como ala-esquerdo. Essa mudança explica porque o Paraguai não só não conseguiu empatar o jogo com um jogador a mais quanto o protagonismo de Neymar. Expliquemos. Nelson Ruiz fazia uma função tática importante. Ele se deslocava para o centro da defesa (veja a seta indicativa no desenho) quando Gomez abria pela direita para marcar Neymar e era acompanhado pelo quarto-zagueiro Viera. Não estava funcionando às mil maravilhas, mas piorou muito com essa mudança. Oscar Ruiz não ameaçou e Cáceres, que foi reposicionado como lateral pela direita, mostrou-se um mau marcador.
O meio-campo foi outro problema do Paraguai. A linha estava torta com Gimenez muito recuado em relação a Perez, um segundo-volante que saía para o jogo e foi o melhor jogador paraguaio na partida. No segundo tempo, com a mudança nas laterais relatada acima, Gimenez foi deslocado para a centro-esquerda do meio-campo e Perez para a centro-direita. Na verdade, Gimenez desempenhou a dupla função de volante pela esquerda e lateral-esquerdo para cobrir as subidas de Oscar Ruiz.
O ataque paraguaio também merece uma nota. Triste, diga-se. Posicionado na vertical, ou seja, com uma atacante atrás do outro, Correa foi um centroavante que pouco perigo levou à meta do goleiro Gabriel e Ortega é um segundo-atacante lento. Se tem uma característica que um segundo-atacante não pode ter é a lentidão.
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Perfeita esta colocação! Também compartilho desta idéia. E mais: o bom técnico, além de ser capaz de adequar um esquema aos jogadores que tem, também deve se dedicar a manter a melhor sintonia possível entre suas peças.
Parabéns pelo blog!
Bira