Espanha
O técnico Vicente Del Bosque utiliza algumas variações nos desenhos táticos na seleção espanhola: 4-2-3-1, 4-1-4-1 e 4-4-2. No início do jogo de ontem, ele utilizou um 4-2-3-1 e, no segundo tempo, optou pelo 4-4-2, com uma linha no meio-campo, que variava para o 4-3-3. As variações são muitas porque ele tem jogadores para isso. Eles são muito versáteis e muitos deles podem atuar como meias, pontas ou volantes. Mas no primeiro tempo de ontem, ficou claro o 4-2-3-1 porque Xabi Alonso jogou sempre atrás de Xavi, na centro-esquerda, como um segundo-volante. Ele não fez parte da linha de meias. Reparem que ele dificilmente abandonava a centro-esquerda do meio-campo — jogando ao lado de Sergio Busquets mais recuado, como volante de marcação, na centro-direita — e não chegava perto da área adversária.
Já no segundo tempo, Xavi foi recuado e, juntamente com Xabi Alonso, formou o miolo da linha de quatro no meio-campo. Os meias-extremos (Iniesta e Navas) tinham liberdade para se transformar em pontas, mas Xavi e Xabi Alonso transitaram pelas intermediárias, armando o time de trás.
Essa explicação é necessária porque o sistema tático espanhol é muito dinâmico. Num momento, Iniesta era meia aberto pela esquerda; noutro, já era atacante pela esquerda. O mesmo se aplica a Navas pela direita. No primeiro tempo, David Silva jogou pela esquerda e Iniesta pela direita.
Mesmo com toda essa variação e qualidade técnica dos jogadores, a Espanha não conseguiu penetrar na defesa suíça e perdeu o jogo. Por quê? Porque já dizíamos aqui, desde a Copa das Confederações, que a Espanha afunila muito as jogadas. O time enfrentou o mesmo problema quando jogou contra o retrancado Iraque (veja Espanha 1 x 0 Iraque. Análise tática. Copa das Confederações). A dificuldade se repetiu, só que, desta vez, a Espanha perdeu.
O lateral-direito Sergio Ramos (zagueiro de origem) teve mais liberdade para subir ao ataque, mas ele só faz cruzamentos da intermediária. Capdevilla, pela esquerda, que chega à linha-de-fundo, não subiu, bem marcado por Barnetta. A Suíça deu o lado esquerdo de sua defesa para a Espanha, mas Vicente Del Bosque não colocou um lateral mais incisivo daquele lado.
Segundo tempo
Fernando Torres entrou e mostrou que está fora de forma. Pedro, que é um meia-atacante que vai à linha de fundo, entrou muito tarde. Mesmo com todos esses problemas, a Espanha teve um amplo domínio da partida, embora não tenha conseguido entrar na área Suíça. Mas contra retrancas, há que se pensar em alternativas melhores
que as apresentadas por Espanha e Brasil.
Suíça
A Suíça foi a campo no 4-4-1-1 e assim permaneceu até o final do jogo. A linha de meio-campo raramente se adiantava e Derdiyok, o "1" à frente da linha, era mais um marcador que um meia-atacante, como teoricamente funcionaria.
A defesa suíça fechou-se e anulou David Villa no primeiro tempo. No segundo, Fernando Torres também ficou isolado no meio dos defensores. A Espanha tocou a bola de um lado para o outro, mas como centralizava as jogadas, facilitou o trabalho do sistema defensivo da Suíça.
Quando Navas entrou e abriu o jogo pela direita, o time suíço acusou o golpe e teve dificuldades no início. O técnico Ottmar Hitzfeld bloqueou o lado esquerdo da Espanha e afrouxou um pouco o direito, apostando na falta de cacoete ofensivo de Sergio Ramos. Acertou. Com a entrada de Navas, teve que reformular a marcação inicial.
Análise tática das seleções da Copa do Mundo 2010
Honduras 0 x 1 Chile. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Brasil 2 x 1 Coreia do Norte. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Costa Marfim 0 x 0 Portugal. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Itália 1 x 1 Paraguai. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Japão 1 x 0 Camarões. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Holanda 2 x 0 Dinamarca. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Alemanha 4 x 0 Austrália. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Sérvia 0 x 1 Gana. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Argélia 0 x 1 Eslovênia. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Inglaterra 1 x 1 Estados Unidos. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Argentina 1 x 0 Nigéria. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
Coréia do Sul 2 x 0 Grécia. Copa do Mundo 2010. Análise tática.
Uruguai 0 x 0 França. Análise tática. Copa do Mundo 2010.
África do Sul 1 x 1 México. Copa do Mundo 2010. Análise tática.
Ouça podcasts com análises de especialistas entrevistados pela Rádio Esquemas Táticos.
Rádio Esquemas Táticos. Bate-papo com Tim Vickery, da BBC de Londres e da Sports Illustrated. Tema: Principais seleções da Copa 2010.
Rádio Esquemas Táticos. Bate-papo com André Rocha, do GloboEsporte.com. Tema: principais seleções da Copa 2010.
Rádio Esquemas Táticos. Bate-papo com Robert Sweeney. Tema: seleções sulamericanas na Copa 2010.
Rádio Esquemas Táticos. Bate-papo com Hugo Albuquerque sobre o Campeonato Brasileiro 2010.
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