Alemanha
A Alemanha fez, até agora, a melhor exibição da Copa do Mundo 2010. Inicialmente, acredito que a intenção de Joachim Löw era fazer um 4-2-2-2 com dois meias bem abertos. Mas com o espaço deixado pela seleção da Austrália na faixa central do campo, Khedira foi adiantado e atuou como um meia e, portanto, o esquema tático da Alemanha foi, na prática, um 4-1-3-2.
Schweinsteiger foi o único volante de contenção, Khedira o meia pela faixa central e Podolski (esquerda) e Müller (direita) os meias pelos lados. Na frente, Klose e Özil foram os atacantes. A Austrália foi envolvida pelo jogo alemão e, injustificadamente, não tentou bloquear as jogadas pelos flancos mais à frente.
A seleção da Alemanha aproveitou-se dos volantes mal posicionados da Austrália e impôs suas técnica e tática superiores. Badstuber ficou praticamente no campo de defesa, garantindo o jogo ofensivo de Podolski pela esquerda; Lahm subiu com precaução pela direita, mas subiu (tanto que é quem faz o cruzamento para o gol de Klose). Não por acaso, o volante Schweinsteiger ficava mais na centro-direita, cobrindo o ofensivo lado direito alemão. É por isso que, apesar das boas atuações de diversos jogadores da Alemanha, consideramos que Schweinsteiger é a peça chave do time. Ele marca bem e sabe sair para o jogo.
Segundo tempo
No segundo tempo, Löw testou uma variação com Khedira e Schweinsteiger como volantes de marcação fixos, meias pelos lados mais livres (Marin e Müller) e dois atacantes centralizados (Gomez e Cacau). Assim, quando o time tinha a bola, o esquema tático se transformava num 4-2-4. Quando atacada, a seleção formava uma linha de quatro no meio. Grande jogo e grande performance da seleção alemã. Jogando dessa maneira, não tem adversários no grupo D.
Austrália
A Austrália atuou no 4-2-2-2 com um quadrado no meio-campo, ou seja, dois volantes e dois meias. Os meias (Culina e Emerton) atuaram mais centralizados. Valeri foi o volante mais recuado e Grella o volante mais adiantado e pela esquerda, auxiliando Chipperfield na marcação de Müller, Lahm e Özil daquele lado. Esta disposição tática não funcionou bem. Ao não começar a marcação dos meias abertos alemães ainda no meio-campo (como dissemos, Culina e Emerton jogaram muito centralizados), os laterais e volantes ficaram sobrecarregados. Grella não foi um bom auxiliar para Valeri na marcação no meio, marcou muito mal e foi substituído após o intervalo.
Culina e Emerton receberam muitas bolas livres, mas não tiveram habilidade suficiente para criar situações de gol. Os atacantes Cahill e, principalmente, Garcia se movimentaram bastante, mas os meias australianos não estiveram à altura deles. A movimentação dos atacantes quando a Austrália perdia a bola é digna de nota. Eles voltavam para marcar pelas extremas no centro do campo. E aí está a raiz do problema de marcação dos meias abertos alemães.
Os responsáveis por essa marcação eram os atacantes. Quando a Austrália atacava, eles ficavam mais centralizados. Quando o time perdia a bola e voltava para se recompor, os atacantes tinham que se deslocar do centro para os lados, formando uma primeira linha de quatro junto com os meias, que ficavam pelo centro. Esse deslocamento dava tempo suficiente para que os meias abertos da Alemanha partissem para o ataque sem um primeiro combate no meio, restando apenas os laterais australianos pela frente.
O meio-campo da Austrália é muito lento e sem criatividade. Os atacantes são bons, mas precisam que as bolas cheguem até eles. O desenho tático, para as características dos jogadores, está equivocado.
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Virei seguidor do seu blog também, é muito bom, muito bem feito.
Antes de começar a Copa, apostei no Özil como melhor jogador jovem do torneio, e ele fez excelente estreia, jogou exatamente como no Europeu sub-21 de 2009, fazendo a dupla função de armador central e atacante.
Nessas horas que eu vejo a ausência do Ballack como positiva. Acho um bom jogador, e se encaixaria bem no lugar do Khedira, mas às vezes acho que ele intimida um pouco os mais novos, não sei se Özil e Thomas Müller se sentiriam à vontade pra jogar, ficaria aquela coisa: entre arriscar um drible e tocar de lado pro Ballack, optariam pela segunda opção.
Abraços!
Os desenhos são, como disse o Eduardo, uma representação. Na verdade, são um tipo ideal weberiano mesmo.
Grato pelas observações.
Abraços, Marcelo Costa.